terça-feira, 26 de maio de 2009

ESPIRITUALIDADE INACIANA

Espiritualidade é uma maneira de ser cristão, uma forma concreta de viver o Evangelho, a partir da ação do Espírito.
Conforme o ensinamento dos apóstolos, é o Espírito Santo que suscita na Igreja a fé do seu povo, infundindo-lhe os dons necessários a sua missão evangelizadora. O acolhimento desses dons espirituais e os frutos concretos na prática do amor, seja em âmbito pessoal ou comunitário, podem ser chamados de espiritualidade.
Não se deve esquecer de que o critério de uma vida verdadeiramente cristã consiste na capacidade de descobrir os caminhos do Espírito na história, por meio do confronto vital com a Pessoa de Jesus Cristo.
Inácio de Loyola, Francisco de Assis, João da Cruz, Teresa D´avilla e tantos outros descobriram o amor de Deus no encontro com Jesus Cristo. A resposta a esse amor surgiu de um jeito próprio, com atitudes concretas, dando origem a uma pedagogia.

QUAIS SÃO, ENTÃO, OS ASPECTOS PRÓPRIOS DA ESPIRITUALIDADE INACIANA?

1. O “MAGIS” – Para S. Inácio, o “magis” é a resposta do ser humano ao Deus “trabalhador e providente”. Sempre há um “mais” de amor por parte do “Deus sempre maior” com relação a cada pessoa. Diante da Divina Majestade e da bondade infinita de Deus, a resposta do ser humano não pode ter limites; ele é chamado a “servir” a Deus ao máximo.
S. Inácio assinala essa meta com o termo “magis”, buscado em cada circunstância e em toda atividade.
No fundo desse dinamismo, encontramos uma tensão interna que estimula a pessoa a buscar sempre mais; uma força motriz que vai dando em cada momento o impulso necessário a superar-se, a entregar-se generosamente sem limites, a não ter medo das últimas consequências.
O “magis” passa a significar entrega total e sem reservas para “inteiramente cumprir Sua santíssima vontade”; mais que o ardor de um temperamento, o “magis” corresponde agora a um desejo e a uma atitude espiritual: é preciso fazer o máximo para o louvor e o serviço do Senhor.
2. O “DISCERNIMENTO” – atitude permanente de reflexão sobre os movimentos internos de nosso espírito, lendo nos sucessos e fracassos das criaturas e nos sinais dos tempos a expressão da vontade de Deus para nós.
Discernir é “sentir e conhecer (tomar consciência!) as diversas moções que se produzem na alma” (Exercícios Espirituais, 313). O discernimento supõe as existência de “movimentos internos” que se sobrepõem à pessoa. Estão na pessoa e não dependem dela. A pessoa deverá refletir sobre os efeitos (reações) que se produzem no seu coração: inquietude, angústia (desolação) ou paz, alegria (consolação).
3. A “INDIFERENÇA” – atitude de despojamento pessoal que revela que só Deus é o fim e que tudo o que existe na face da Terra são meios para se chegar a Ele.
O aspecto mais importante da Espiritualidade Inaciana é o fato de ela ser cristocêntrica, isto é, ter seu ponto de partida e de chegada na Pessoa de Jesus. Seguindo Cristo e amando-o, toda a vida ganha sentido e um dinamismo que encaminha para a “Missão”. Para um inaciano, assumir uma missão é fazer da própria vida um gesto diário de entrega aos demais, que se concretiza na vida familiar, profissional e social, na procura de “em tudo amar e servir”.
Podemos dizer, então, que a Espiritualidade Inaciana se resume em ser “contemplativos na ação”. Contemplativos na medida em que olhamos o mundo e sua realidade com os olhos de Deus. Na ação enquanto este olhar nos tira da acomodação e nos leva a agir no mundo, para transformar toda a realidade em que não brilham a Glória de Deus e a felicidade da pessoa humana.

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